quinta-feira, 12 de julho de 2012

Kenneth Maxwell: Armas e política


O Brasil adiou, de novo, até o fim do ano, a decisão sobre a compra de uma nova geração de caças a jato para a Força Aérea Brasileira. Há intensa concorrência entre EUA, França e Suécia pelo contrato.

A eleição do socialista François Hollande na França poderia favorecer os franceses.

Marco Aurélio Garcia, assessor de relações internacionais de Dilma Rousseff, vem alardeando suas fortes conexões com os socialistas franceses.

Ele viveu em Paris como exilado nos anos 70, e não é visto como muito simpático aos norte-americanos ou suecos. O mesmo se aplica a Celso Amorim, o ministro da Defesa, cuja desconfiança quanto aos norte-americanos é aparente já há anos.

O adiamento significa que a decisão brasileira será tomada depois que o resultado da eleição presidencial norte-americana for conhecido.

O caso dos EUA foi prejudicado pelo cancelamento de um contrato sob o qual a Força Aérea norte-americana adquiriria 20 aparelhos turboélice Super Tucano para uso da Força Aérea afegã no combate a insurgentes.

Os brasileiros acreditam que questões políticas internas dos EUA influenciaram a decisão. Políticos norte-americanos encamparam a causa de uma concorrente da Embraer, a Hawker Beechcraft.

Mas a companhia norte-americana procurou proteção contra falência, e o banco Goldman Sachs e a Onyx, companhia canadense, em um acordo com a Chinese Aviation Beijing Company, estão envolvidos nesta oferta. Boa parte da equipe econômica do presidente Obama é formada por ex-executivos do Goldman Sachs.

O argumento apresentado contra o Super Tucano é o de que a Embraer é uma companhia estrangeira, ainda que ela opere uma base na Flórida e que o contrato tenha sido concedido em uma parceria com a Serra Nevada Corporation, uma companhia norte-americana, e que os aparelhos em questão devessem ser produzidos nos Estados Unidos.

A Embraer calcula que o mercado de jatos de passageiros que tenham entre 30 e 120 lugares deva expandir-se para algo em torno de US$ 315 bilhões nos próximos 20 anos.

Os EUA responderão por 32% desse total, a Europa por 28% e a China por 15%. Em 2031, porém, a empresa calcula que o mercado asiático responderá por 34%, seguido por Europa e EUA com 21% cada um.

A Embraer recentemente assinou acordo com a Boeing para compartilhamento de know-how e análise de mercado na produção do KC-390, um modelo médio da companhia e outra exportação brasileira promissora. A Boeing é um dos concorrentes na disputa pelo contrato de caças da FAB. É evidente que há alguma coisa acontecendo.

3 comentários:

  1. Era depois das eleições para presidente no Brasil, não sai, depois enrolaram, rolaram, ficou pra depois das eleições na França, disseram que ia ser em junho, agora marcaram para o final do ano, e tem também as eleições nos Estados Unidos, e vamos assistir mais um capitulo desta interminável novela.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Convenhamos: Esses caças não estão fazendo falta até o presente momento, dado o momento pacífico (sempre) do Brasil. Quisera eu que todos os países se preocupassem mais com os assuntos internos do que a aquisição/desenvolvimento de armas.

      Excluir
  2. Para muita gente no governo qualquer poder dado aos militares representa um risco de golpe de estado, por isso devem ser mantidos em grau de inanição. Essa novela do FX, FX-2, FX sei lá das quantas, não vai terminar por tão cedo. A marinha recebeu um reforço apenas devido ao pré-sal, mas os demais ficarão chupando o dedo, mergulhados em projetos que não realizarão ou desenvolvendo equipamentos de transporte ou de detecção. As bombas fabricadas no Brasil são mais pra exportação, sobretudo as de fragmentação. As compras da força terrestre e da força aérea tem sido mais de reposição de equipamentos velhos e sucateados.
    Algum dia teremos um presidente capaz de entender que uma força econômica crescente precisa ser acompanhada de força militar para se fazer ouvir no cenário internacional. A china tem percebido isso muito bem.
    Os americanos cultivam o discurso cínico da paz e do desarmamento, mas estão armados até os dentes e não param de fabricar e desenvolver novas armas cada vez mais poderosas, tudo pra projetar seu poder e influência no mundo. Que o diga seus 11 porta-aviões e os 09 porta-elicópteros.

    ResponderExcluir