segunda-feira, 19 de março de 2012

O apoio dos sírios ao regime de Bashar al-Assad


Bashar al-Assad
Bashar al-Assad já celebra a vitória. Ontem, ao se completar um ano do início da revolta síria, o governo organizou grandes manifestações de homenagem ao presidente. "Ganhamos", entoavam os manifestantes. Enquanto isso, o exército prosseguia sua campanha contra os rebeldes e contra a população civil que os apoia. Apesar da reconquista de cidades como Homs e Idlib e sua arrasadora superioridade militar, as comemorações do regime parecem muito prematuras. Milhões de sírios odeiam os Assad, e o país se transformou em um pária dentro do mundo árabe.

Ao cabo de um ano, com mais de 8.000 mortos segundo a ONU, está claro que a Síria constitui um caso à parte dentro das convulsões políticas que sacodem os países árabes. O que começou em meados de março de 2011 em Deraa como um protesto espontâneo, devido à detenção e tortura de adolescentes que tinham feito pichações com a frase "O povo quer a queda do regime", escutada mil vezes nas ruas da Tunísia, do Egito e da Líbia, se estendeu com rapidez por outras cidades e provocou manifestações maciças.

Durante meses os protestos pediram reformas políticas e liberdades. Entretanto, a brutalidade da repressão e o estímulo das tensões sectárias por parte do próprio governo mudaram a natureza da crise. A oposição começou a se armar e afloraram profundos receios entre a minoria religiosa alauíta, coluna vertebral do regime, e a maioria sunita. O protesto, por sua vez, adquiriu um tom crescentemente islâmico.

A questão sectária, que enfrenta bairro contra bairro e rua contra rua, e a proliferação de armas tornam improvável a pacificação do país em um futuro previsível. As reformas políticas propostas por Bashar al-Assad, que deveriam culminar com eleições gerais em maio, não são mais que uma artimanha para perpetuar o regime. O próprio Assad chamava essas reformas de "lixo", em mensagens eletrônicas privadas que a oposição vazou para o jornal britânico "The Guardian" e cuja autenticidade ainda não foi confirmada.

Nestes últimos meses a sociedade síria ficou dividida. As manifestações de ontem em Damasco e outras cidades foram cuidadosamente organizadas pelo governo e todos os funcionários públicos foram avisados de que deveriam participar delas com suas famílias, sob a ameaça de represálias. Mas foram muitos os que participaram com sinceridade das marchas de glorificação a Assad. O presidente convenceu as minorias, e muito especialmente a sua, a alauíta, de que os rebeldes sunitas as submeteriam a uma vingança muito cruel se chegassem ao poder. Também há os que continuam valorizando a estabilidade e a tolerância religiosa que a dinastia Assad deu à Síria durante mais de 40 anos.

Diante dos partidários que comemoram, os detratores sofrem e morrem; segundo fontes não verificáveis da oposição, apareceram 23 cadáveres perto de Idlib, a última cidade rebelde reconquistada pelo exército. Os corpos tinham as mãos amarradas e os olhos vendados, alguns mostravam sinais de tortura e não tinham identificação, de acordo com as mesmas fontes.

Existem numerosos indícios, que a ONU e diversas organizações humanitárias consideram sólidos, de que depois da tomada militar das cidades ocorrem campanhas de represálias contra a população civil. Em Homs foram encontrados cerca de 50 cadáveres de mulheres e crianças, e os milhares de cidadãos que tiveram de abandonar seus lares em busca de refúgio na Turquia, Líbano e Jordânia coincidem em afirmar que o exército e as milícias irregulares alauítas matam e torturam de forma indiscriminada.

Há pelo menos 30 mil sírios refugiados no exterior, e dezenas de milhares desalojados no interior. A fuga do país tornou-se muito difícil devido à colocação de minas nos acessos às fronteiras. São minas que a Rússia vende ao exército sírio. "A Rússia desfruta de uma intensa cooperação militar com a Síria, e não vemos razão para interromper o fornecimento de material e de assessoria técnica", disse na quarta-feira (14) o vice-ministro russo da Defesa, Anatoli Antonov.

A Rússia bloqueou no Conselho de Segurança da ONU todas as tentativas de condenação ao regime de Assad. Afirma que tanto o governo de Damasco quanto os rebeldes devem assumir responsabilidades e depor as armas de forma simultânea. Mas continua vendendo armamento e combustível ao exército governamental. As potências do Conselho de Segurança contrárias a Assad, como EUA, Reino Unido e França, se negam por sua vez a fornecer armas aos rebeldes, com o argumento de que isso só inflamaria a situação e provocaria uma guerra civil muito cruel.


Um comentário:

  1. vish, em tudo quanto é pagina de noticias só leio e vejo besteiras.
    pra quem gosta de uma visão menos manipulada: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=DRZBQkvWjl8

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