quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Formar Exército que garanta segurança do Afeganistão é prioridade para os EUA antes da retirada


Exército Americano treina os comandos afegãos

Os recentes ataques dos taleban contra alvos civis e militares em Cabul, que até há pouco tempo era considerada a zona mais segura do Afeganistão, puseram em dúvida a capacidade das 300 mil forças de segurança afegãs de defender seu próprio país. Os EUA já iniciaram a retirada de suas tropas e decidiram reduzir drasticamente o investimento nos programas de ajuda e formação das tropas nacionais, que os comandantes americanos em Cabul consideram imprescindíveis.

A Casa Branca investiu nesse trabalho US$ 38 bilhões (28 bilhões de euros) nos últimos seis anos, e agora tenta reduzir os fundos destinados à preparação das forças afegãs em 5 bilhões de euros anuais.Há apenas dois meses as tropas americanas mobilizadas aqui cederam a vigilância aos soldados afegãos em sete áreas do país, entre elas a maior parte desta região. Os resultados nem sempre foram os esperados. Os taleban transformaram Cabul em alvo prioritário. A capital é hoje menos segura que em 2001, quando começou a guerra. Esta mesma base foi bombardeada em abril e os atentados se sucederam desde então.

Uma prática recente empregada pelos taleban é a de esconder-se sob burqas para aproveitar que a polícia afegã não tem pessoal feminino suficiente para revistar mulheres.O ataque ocorrido contra a embaixada americana e a sede da Otan na semana passada pôs em xeque a capacidade das forças afegãs de garantir a cidade. Os terroristas chegaram até as portas da Zona Verde, a área diplomática fortificada. Os soldados demoraram mais de cinco horas para reduzir os insurgentes. Nesse atentado os soldados americanos se limitaram a apoiar as tropas afegãs.

Na maior parte do país, entretanto, os EUA continuam liderando a luta. Enquanto isso, o contribuinte americano continua pagando praticamente a totalidade dos gastos das forças afegãs. É necessário em um país que só arrecada 1,4 bilhão de euros em impostos por ano, sem infraestruturas nem instituições, arrasado por décadas de guerras.

Não há melhor alimento para a máquina propagandística dos taleban que a lealdade cambiante das tropas afegãs. Entre janeiro e junho, 25 mil soldados desertaram, segundo relatórios da Otan. A corrupção no Afeganistão também é crescente. Um exemplo: no ano passado o governo demitiu o chefe médico nacional, Ahmad Zia Yaftali, pelo desaparecimento de material de saúde que os EUA haviam doado para usos militares no valor de 30 milhões de euros.

As tropas afegãs precisam de treinamento até nos assuntos mais básicos, como indumentária, turnos de trabalho ou apoio médico. A isso dedica-se o capitão da marinha americana John Hein. Coordena uma equipe de seis homens que ajudam o exército afegão nos trabalhos de preparação médica. Treina 298 soldados afegãos que receberam equipamento médico avaliado em 290 milhões de euros. Seu trabalho é considerado um dos mais bem-sucedidos na região. "Eles melhoraram muito. Tenho certeza de que em dois anos poderemos lhes ceder a vigilância, definitivamente", afirmou o capitão.

Esse é um prazo de acordo com o que a Casa Branca espera do Pentágono depois de uma década de guerra. Antes do verão sairão do país 33 mil soldados. A retirada definitiva é esperada para antes de 2015.

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